Mesmo provada a autenticidade do Santo Sudário, tecido que envolveu Jesus Cristo, alguns cientistas teimam em desmenti-la. O resultado do teste carbono 14 estava errado.
No mês de março último, a BBC de Londres divulgou uma pretensa figura de Cristo feita em computador utilizando, segundo seus autores, o crânio de um judeu que teria vivido na Terra Santa há dois mil anos. Era um rosto feio e rude. A publicação contrariou a opinião popular acostumada com a figura majestosa de Cristo. Alguns chegaram a dizer que mais se parecia com Judas Iscariotes, o traidor.[i]
Por que esse interesse em querer deformar a imagem do Filho de Deus? Nosso Senhor deixou algum vestígio de Sua divina fisionomia para a posteridade? Qual a imagem que está mais próxima da realidade? Qual a posição da Igreja sobre esse debate?
A Igreja nunca estabeleceu um padrão para a figura de Cristo. A tradição e a piedade cristã foram imaginando e retratando a figura divina de Nosso Senhor Jesus Cristo. Uma figura que contivesse a grandeza, a bondade, a misericórdia, a sabedoria, a justiça, a prudência, a temperança, a fortaleza e todos as virtudes reunidas. A imaginação e a habilidade dos artistas acabaram conseguindo um certo padrão para a figura de Cristo.
No final do século XIX, o advogado italiano Secondo Pia, com sua imensa máquina fotográfica que mais parecia uma geladeira, quis registrar o casamento da princesa filha do duque de Saboya, em Turim. Aproveitou a ocasião para tirar uma fotografia da relíquia da família, um imenso lençol de 4,36 m de comprimento, 1,10 m de largura, que se venerava como sendo a mortalha que envolvera o corpo de Cristo no sepulcro.
O milagre reservado ao século XX
Aqui começa o "milagre" da fotografia: no negativo apareceu o retrato de Cristo. O corpo inteiro frontal e de costas, com as marcas da flagelação e da crucificação. A figura de Cristo está invertida no pano. Ela está em negativo, de maneira que no negativo apareceu o positivo. O que era branco apareceu escuro.
A partir dessa fotografia, as discussões se multiplicaram. Atraiu o estudo de cientistas céticos e religiosos. Estudaram o tipo de impressão, o tecido, as marcas de sangue e até o pólen das flores do Oriente que estavam depositados entre as fibras do tecido.
O mais curioso é que a figura que aparece no negativo da foto do Sudário corresponde à figura de Cristo elaborada pelos artistas durante os 1800 anos de Cristianismo. No século de adoração da ciência, Nosso Senhor se faz conhecer através das novas tecnologias.
A campanha contra o Sudário
Há uma continua campanha para negar a autenticidade do tecido, cuja origem remonta ao tempo de Nosso Senhor, e que outros dizem tratar-se de uma falsificação produzida na Idade Média.
Os testes realizados em 1988 com carbono 14 são atualmente contestados pela comunidade científica internacional, que atribui a essa experiência uma segurança de apenas 5% em seus resultados.
Cabe realçar que, por diversas vezes, o Santo Sudário escapou da destruição, correndo o risco de desaparecer. Segundo o biógrafo de João Paulo 2º, Vittorio Messori, o incêndio ocorrido em 1998 pode fazer parte de "um complô internacional" visando destruir o Sagrado Tecido[ii].
Nesse curto artigo mostraremos as principais descobertas científicas da autenticidade do Santo Sudário.
Médico demonstra: é Cristo crucificado.
O primeiro estudo sobre o Sudário que se tornou público foi a análise médico-científica feita pelo dr Pierre Barbet, em 1932. As conclusões, descritas no livro A paixão de Cristo segundo o cirurgião [iii], foram impressionantes:
- na face havia sinais de contusões, o nariz estava fraturado na cartilagem descolado do osso;
- no corpo foram contados 120 sinais de golpes de açoite, produzidos por dois flageladores, um de cada lado da vítima.
- o flagelo utilizado foi o que se usava no Império Romano, composto de duas ou três correias de couro, terminando em pequenos ossos de pontas agudas, ou em pequenas travas de chumbo com duas bolas nas extremidades.
- duas chagas marcavam o ombro direito e o omoplata esquerdo;
- o peito muito saliente denotava a terrível asfixia suportada durante a agonia;
- os pulsos apareciam perfurados, tendo o prego perfurante secionado em parte o nervo mediano, fazendo contrair o polegar para dentro da palma da mão;
- pela a curvatura das pernas e as perfurações nos pés, tem-se a nítida impressão de que o esquerdo foi sobreposto ao direito e presos ao madeiro por um único prego;
- os dois joelhos estavam chagados;
- havia um sinal de sangramento, produzido por uma grande ferida, no lado direito do tórax;
- por fim, havia 50 perfurações na fronte, cabeça e nuca, compatíveis com uma coroação de espinhos...
Não havia mais dúvidas!
Era uma constatação científica, totalmente coerente com a descrição evangélica da Paixão de Nosso Jesus Cristo. Tratava-se realmente do Santo Sudário que envolvera o corpo do Redentor, quando este foi descido da cruz para ser sepultado.
Como São Tomé, a ciência "toca a mão na chaga" para crer
Os céticos, ateus e materialistas não podiam concordar. Não teriam sido aqueles sinais sobre o pano pintado por algum hábil falsificador para que os homens acreditassem tratar-se de Jesus Cristo?
Nos Estados Unidos se formou um grupo de investigação científica que, em 1978, foi até Turim com 40 toneladas de aparelhagem. Os cientistas realizaram uma série de exames num total de 140.000 horas. Dentre os vários testes aplicados, cumpre destacar fotos e microscopia eletrônica, raio-X, espectroscopia, fluorescência ultravioleta, termografia e análises químicas.
Os resultados dos exames laboratoriais demonstraram que o desenho que aparecia no pano não poderia ter sido feito por mãos humanas.
Até agora não foi explicada a formação da imagem no Sudário. Não se trata de pintura nem da compressão do tecido sobre o corpo de um cadáver. A hipótese mais provável levantada por alguns cientistas sugere que ela foi produzida, numa fração de segundos, semelhante a um clarão de uma explosão nuclear como a ocorrida com o clarão da bomba de Hiroshima que imprimiu a imagem de uma válvula na parede de um tanque de gás.
As manchas de sangue que marcam o tecido estão gravadas em positivo ao contrário do restante da imagem que está em negativo. Trata-se realmente de sangue humano, de tipo sanguíneo AB (exatamente o mesmo encontrado no famoso milagre de Lanciano, na Itália.)
O criminologista e botânico suíço, Max Frei, identificou células de pólen de 49 plantas diferentes presentes no tecido. Elas são originárias da Palestina, da Turquia e da Europa, exatamente, as regiões percorridas pelo Santo Sudário.
Foram verificados dois objetos circulares colocados sobre os olhos. Trata-se de duas moedas: a primeira, o dilepto lituus, produzido na Palestina no governo de Pôncio Pilatos entre os anos 29 e 32 d.C. A segunda moeda identificada foi cunhada por Pilatos em homenagem a Júlia, mãe do imperador romano Tibério, em 29 d.C. Colocar moedas sobre os olhos do morto, para manter as pálpebras fechadas, fazia parte dos ritos funerário judaicos da época de Jesus. Elas também confirmam as datas dos Evangelhos: “Era o ano décimo quinto do reinado do Imperador Tibério César, Pôncio Pilatos era governador da Judéia” (Lc. 3, 1)
Milagrosa impressão tridimensional do tecido
Dois oficiais da Força Aérea norte-americana, John Jackson e Eric Jumper, analisando o Sudário perceberam que a figura foi impressa de maneira tridimensional, de tal forma que é possível conhecer a distância entre o tecido e as diversas partes do corpo. Para a reconstituição da tridimensionalidade, utiliza-se um aparelho chamado VP-8. Jackson e Jumper tomaram uma simples fotografia do Sudário e a introduziram no aparelho. Qual não foi o seu espanto ao constatar que se constituiu uma imagem tridimensional e que esta parecia emergir gradativamente do pano como na ressurreição. Eles exclamaram: Cristo ressuscitou.
O controvertido teste do carbono 14
Em outubro de 1988, a equipe de Oxford, em conferência no British Museum, declarou que a análise do carbono 14 indicava que o tecido era de origem medieval, tendo sido produzido entre os anos 1260 e 1390.
O espanto foi geral, pois a ciência parecia entrar em contradição com tudo o que ficara demonstrado anteriormente. O Sudário já havia passado por milhares de testes. De todos os experimentos, somente o do carbono 14 contestou a autenticidade da peça.
Todavia, a idéia de falsificação está agora descartada. O cientista russo Dimitri Kouznetsov provou que os dados do carbono 14 estavam errados, em conseqüência do incêndio a que o Santo Sudário esteve exposto em 1532. Na mesma linha, Harry Gove, o principal responsável pela datação do Sudário como tecido medieval, admitiu que a contaminação que o pano sofreu ao longo dos séculos podia ter falseado os resultados
Dr. Leôncio Garça-Valdez, professor de microbiologia, da Universidade do Texas, demonstrou que existem determinados tipos de bactérias que produzem um revestimento bioplástico sobre artefatos antigos que distorce o processo de datação pelo carbono[iv].
O próprio Michael Tite, coordenador dos testes científicos e diretor do Museu Britânico, reconheceu em carta dirigida professor Lugi Gonella, consultor técnico do Arcebispado de Turim, que o carbono 14 não oferece prova alguma a favor de sua tese e confessa que "houve intenção deliberada de enganar o público".
Um apelo para a conversão
A bondade e a misericórdia de Deus guardou essa relíquia para ser revelada aos homens, através da ciência, quase 2000 anos depois de Sua Paixão. Não é ele um apelo de Nosso Senhor para esse mundo decadente, que só busca os prazeres da vida e esquece o seu Amor Misericordioso manifestado na sua Paixão e Morte na cruz?
Do alto da Cruz, do divino Semblante do Sudário, Ele repete para todos nós as lamentações do profeta Jeremias: "Ó Vós todos que passais pelo caminho, atendei e vede se há dor semelhante a minha dor!" (Jer, I Lam.,12).
Nelson Barretto
________________________________________
[i] Jornal da Tarde, 28/3/2001
[ii] Revista Catolicismo, Nº 570, Junho de 1998.
[iii] Ed. Loyola, São Paulo, 1976.
[iv] Garza-Valdes, Leôncio, O DNA de Deus? Ed. Mandarim, São Paulo, 2000.
segunda-feira, 13 de abril de 2009
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