segunda-feira, 8 de junho de 2009

DIDAQUÊ: A Doutrina dos Apóstolos

CAPÍTULO I

1 Existem dois caminhos no mundo: o da vida e o da morte; o da luz e o das trevas. Neles foram estabelecidos dois anjos: o da justiça e o da iniqüidade. Porém, grande é a diferença entre esses dois caminhos. 2 Este é o caminho da vida: em primeiro lugar, deves amar ao Deus eterno que te criou; em segundo lugar, [deves amar] o teu próximo como a ti mesmo; assim, tudo o que não quiserdes que seja feito contigo, não o farás a outro. 3 A explicação destas palavras é a que segue.

CAPÍTULO II

1[...] 2 Não cometerás adultério; não matarás; não prestarás falso testemunho; não violarás a criança; não fornicarás; não praticarás a magia; não fabricarás poções; não matarás a criança mediante aborto, nem matarás o recém-nascido; não cobiçarás nada do teu próximo. 3 Não proferirás perjúrios; não falarás mal, nem recordarás das más-ações. 4 Não darás mal conselho, nem teu linguajar terá duplo sentido, pois a língua é uma armadilha para a morte. 5 Tua palavra não será vã, nem enganosa. 6 Não serás ambicioso, nem avarento, nem voraz, nem adulador, nem parcial, nem de maus costumes; não admitirás que se crie uma armadilha para o teu próximo. 7 Não odiarás a qualquer homem, mas o amareis mais que a tua própria vida.

CAPÍTULO III

1 Filho: afasta-te do homem mal e do homem falso. 2 Não sejas irado porque a ira conduz ao homicídio, nem desejes a maldade e a paixão pois disto tudo nasce a ira. 3... 4Não sejas astrólogo, nem purificador, pois estas coisas conduzem à vã superstição; nem sequer desejes ver ou ouvir estas coisas. 5Não sejas mentiroso porque a mentira conduz ao roubo; nem amante do dinheiro, nem da vadiagem, pois de tudo isto nascem os roubos. 6 Não sejas murmurador porque isto conduz à difamação; não sejas temerário, nem penses mal, pois de tudo isto nascem as difamações. 7 Ao contrário, sê manso, porque os mansos possuirão a terra santa. 8 Sê também paciente em teu trabalho; sê bom e temeroso de todas as palavras que escutas. 9 Não te enaltecerás nem te gloriarás perante os homens, nem infundirás a soberba na tua alma; não te unirás em espírito com os orgulhosos, mas te juntarás aos justos e humildes. 10 Receberás como bem as coisas adversas que te ocorrerem, sabendo que nada ocorre sem Deus.

CAPÍTULO IV

1Daquele que te ensina a palavra do Senhor Deus, te recordarás dia e noite. O respeitarás como ao Senhor, pois onde se apresentam as coisas relativas ao Senhor, ali está o Senhor. 2 Assim pois, busca o rosto dos santos, para que te entretenhas nas suas palavras. 3 Não causes divisões, mas põe paz entre os que se desentendem; julga retamente sabendo que também tu serás julgado; não derrubarás ninguém em desgraça. 4 Não terás dúvidas se será ou não verdadeiro. 5 Não sejas como aqueles que estendem a mão para receber e encolhem para dar. 6 Sim, graças às tuas mãos, tens a redenção dos pecados; não terás dúvidas ao dar, sabendo quem será o remunerador dessa recompensa. 7 Não te desviarás do necessitado, mas compartilharás todas as coisas com teus irmãos e não dirás que sãos tuas. Se somos co-partícipes no imortal, quanto mais devemos iniciá-lo já, a partir daqui? Eis que o Senhor quer dar a todos os Seus dons. 9 Não afastarás as tuas mãos dos teus filhos, mas desde a juventude lhes ensinarás o temor a Deus. 10 A teu servo ou a tua serva, que esperam no mesmo Senhor, não os obrigarás, com ira, que venham a temer ao Senhor e a ti, pois Ele não veio para discriminar pessoas, mas para aqueles em quem encontrou um espírito humilde. 11 Vós, servos, permanecei submissos aos vossos senhores como a Deus, com pudor e temor. 12 Odiarás toda hipocrisia e não farás o que não agrada a Deus. 13 Assim, pois, guarda, filho, o que tens ouvido e não lhe acrescentes coisas contrárias, nem as reduza. 14 Não te cerques da oração cm maus propósitos. Este é o caminho da vida.

CAPÍTULO V

1 Por outro lado, o caminho da morte é contrário àquele. Para começar, é mau e cheio de maldições: adultérios, homicídios, falsos testemunhos, fornicações, maus desejos, atos mágicos, poções malditas, roubos, vãs superstições, furtos, hipocrisias, repugnâncias, malícia, petulância, cobiça, linguajar imoral, inveja, ousadia, soberba, orgulho, vaidade. 2 Os que não temem a Deus, os que perseguem os justos, os que odeiam a verdade, os que amam a mentira, os que não conhecem a recompensa da verdade, os que não se aplicam ao bem, os que não têm um reto juízo, os que não cuidam pelo bem mas pelo mal 3 dos quais se esgota a paciência e cerca a soberba - os que perseguem aos remuneradores, os que não se compadecem do pobre, os que não se afligem com o aflito, os que não conhecem a seu Criador, os que assassinam os seus filhos, os que cometem o aborto, os que se afastam das boas obras, os que oprimem o trabalhador, os que se esquivam do conselho dos justos: Filho, afasta-te de todos estes!

CAPÍTULO VI

1 E vigia para que ninguém te afaste desta doutrina; do contrário, serás considerado sem disciplina. 2... 3... 4 Se a cada, com cuidado, fizeres estas coisas, estarás próximo do Deus vivo; se não o fizeres, estarás longe da verdade. 5 Põe todas estas coisas em teu espírito e não perderás a tua esperança; ao invés, por estes santos combates, chegarás à coroa. 6 Por Jesus Cristo, o Senhor que reina e é Senhor com Deus Pai e o Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém.

A Igreja Através dos Tempos




Parte I
Até cerca de 200 anos d.C., não existiam igrejas no sentido em que hoje as compreendemos. Um dos motivos que inibiu a construção de igrejas foi o fato do cristianismo ter nascido e se desenvolvido num mundo em que a religião, o império e o patriotismo eram muito ligados. Desenvolveu-se no âmago do paganismo imperial, da religião estatal e da expressiva lealdade ao imperador.
O cristão era cercado de muitas restrições e ficava praticamente excluído da vida pública dessa época. Numa cidade como Roma, por exemplo, o Capitólio dominava o Fórum, que por sua vez era circundado por templos oferecido a deuses e por todo lado erguiam-se estátuas de imperadores e deuses. O estado controlava o teatro, os jogos e cada funcionário imperial de certa forma era um sacerdote. Se já era difícil ser cristão, quanto mais construir igrejas.

Segundo o Direito Canônico, "uma igreja é um edifício sagrado dedicado ao culto divino, principalmente para que possa ser usado por todos os fiéis para o exercício público do culto". A palavra "igreja", em inglês "Church" e em alemão "Kirche", origina-se do termo grego "Kyriakon", que significa "casa do Senhor". Já a palavra latina "ecclesia" deriva-se do grego "ekklesia", que quer dizer "reunião"ou "assembléia". É nesse sentido que a palavra "igreja" é usada. Não se refere a uma construção ou edifício, mas a uma reunião de cristãos para o culto divino. Portanto a igreja (grande ou pequena), tem como objetivo básico abrigar os participantes do culto e proteger os objetos que ali são usados. Paralelamente a isso, sempre houve por parte do homem cristão a necessidade de possuir um lugar próprio para orar onde a presença de Deus pudesse ser mais sentida.

Inicialmente, as comunidades cristãs eram compostas de pessoas comuns, comerciantes sírios e judeus, e vizinhos pagãos atraídos pela nova religião.

Depois e muito lentamente, surgiram conversões entre as classes ricas e intelectuais. Dessa forma, os primeiros cristãos não tinham igrejas, não havia meios suficientes para pagar as construções. Eram impedidos inicialmente por carência, e depois por prudência, de construir igrejas, que nunca poderiam se assemelhar aos templos. Quando se reuniam, usavam qualquer edifício que estivesse disponível, normalmente casas comuns, emprestadas ou doadas por um converso rico. Algumas alterações eram feitas e derrubavam-se paredes para dar lugar a cômodos maiores, mas não mexiam na decoração romana ou helenística das casas.

Em torno do Mediterrâneo, nos países onde a influência romana se fazia sentir, havia três tipos de residências: a domus, ou casa particular, a villa, ou casa de campo e a insula, ou casa de cômodos com muitos apartamentos. A domus combinava características de residência romana antiga com elementos gregos. Uma espécie de "hall" de entrada ou pátio descoberto, chamado "átrio", formava a parte mais pública da casa. Os aposentos mais íntimos agrupavam-se ao redor de um pátio interno chamado "peristilo". Entre o átrio e o peristilo havia uma espécie de vestíbulo, o "tablínio", que era usado como santuário de família, adornado com estátuas e pintura dos "deuses Lares" e retratos dos antepassados. Os estudiosos acreditam que a disposição do santuário das primitivas basílicas cristãs se originasse diretamente do átrio e do tablínio. Afirmam que a pedra do altar foi adotada para o culto, com o bispo ou presbítero de pé atrás ou sentado na cadeira, ficando os fiéis de pé no átrio.

A villa era uma espécie de casa de campo, sua construção seguia os padrões da casa urbana romana e tanto podia ser pequena como um chalé, como um imenso palácio. Com muitos apartamentos, na insula, que atingia até 5 andares, moravam muitas famílias e nas salas apertadas devem ter-se reunidos muitos cristãos.

Foi somente em 313 da nossa era, 10 anos depois que Deocleciano comandou a destruição de todos os lugares de culto cristão, que os católicos do Império Romano tiveram direito à liberdade de religião.

Mesmo com toda destruição, escavações arqueológicas descobriram muitas ruínas dessas "igrejas domésticas": nas ruínas de Dura Europos, cidade que se localizava depois do Eufrates superior e que foi destruída em 256, acharam uma casa que foi ocupada por uma próspera família cristã. Num quarto dos fundos foi encontrado uma espécie de batistério com sua pia bastimal e seu pálio. Uma sala grande com uma plataforma encostada em uma das paredes era usada como local de culto. Nas escavações de Aquiléia, uma antiga cidade romana perto de Veneza, foi achado um exemplo mais aperfeiçoado desse tipo de igreja. Provavelmente construída no século III, a casa no estilo "domus" foi alterada, sendo erguido um salão maior nos fundos e posteriormente, em torno de 314, foi construído outro salão, ambos de madeira com naves laterais. Outra "igreja" parecida existiu em Nicodêmia, na Ásia Menor, tendo sido destruída pela Guarda Persa de Diocleciano.

Lista de Livros

  • "A Arte da Guerra"
  • "A Imitação de Cristo"
  • "Confissões" - Santo Agostinho
  • "Cura Interior"
  • "Curar um amor ferido"
  • "História de uma alma" - Santa Teresinha
  • "Maria, Mulher de todos os tempos"
  • "O Pequeno Principe"
  • "O Seminarista"
  • "O Valor da Solidão"
  • "Sêneca - A vida feliz"
  • Como a religiao se organiza - tipos e processos
  • Como se elege um Papa - historia dos conclaves
  • Corporeidade e Teologia
  • Futuro da religião na sociedade global
  • Pluralismo Religioso - As religiões no mundo atual